Indústria, comércio e serviços do ES avançam acima da média nacional em 2023
14 de fevereiro, quarta-feira
Economia. Três grandes setores da economia capixaba — indústria, comércio e serviços — cresceram acima da média nacional em 2023. O melhor desempenho veio do setor industrial, que avançou 11,1%; no país, a atividade permaneceu praticamente estável (+0,2%). No comércio, o Espírito Santo teve desempenho quase duas vezes melhor que a média do país. (Coluna Mundo Business, por Ricardo Frizera, Folha Business)
A indústria teve o segundo melhor resultado do país (+11,1%), impulsionada pelo setor extrativo, que registrou um salto de 20,5%. O destaque foi para a produção de minério e a exploração de petróleo e gás natural. O resultado foi o terceiro melhor da série histórica, iniciada em 2002.
O setor de serviços também cresceu acima da média nacional, com avanço de 7,3% — enquanto o país teve retração de 2,0%. O resultado colocou o Espírito Santo na sétima posição do ranking dos estados.
No comércio, como a Apex News informou na última semana, o crescimento de 3,0% foi quase o dobro da média nacional (+1,7%). O Varejo Ampliado, por sua vez, acumulou alta de 9,3% ao longo do ano, impulsionado, sobretudo, pela venda de veículos, motos e peças.
Análise. Mas, afinal, o que esperar da economia capixaba em 2024? A coluna Mundo Business abriu espaço mais uma vez para o diretor econômico da Futura Inteligência, Orlando Caliman. O especialista relembra que o Espírito Santo avança acima da média nacional desde a década de 1970 e, embora tenha perdido ritmo nos anos 2010, deve recuperar sua performance com os dados consolidados de 2023. (Coluna Mundo Business, por Ricardo Frizera, Folha Business)
FOLHA BUSINESS
Petróleo. O Espírito Santo é o terceiro maior produtor de petróleo do país, respondendo por 8% da produção total do país. Apesar de a maior parte do volume ser atribuída à extração no mar (offshore), a produção em terra (onshore) vem ganhando força nos últimos anos. A coluna ouviu a análise de Márcio Félix, CEO da EnP e ex-secretário do Ministério de Minas e Energia. Na avaliação de Félix, o Espírito Santo tem atualmente a maior campanha de perfuração em terra do país e uma das maiores da história. (Coluna Mundo Business, por Ricardo Frizera, Folha Business)
Márcio Félix: "A produção no mar faz uma sombra tão grande na produção em terra que as pessoas não conseguem enxergar sua grandeza. O efeito das petroleiras independentes na economia capixaba é muito mais direto: elas contratam mais fornecedores locais, geram empregos, realizam investimentos e geram mais oportunidades para todos os portes de empresa”, explica.
Relevância. Boa parte do avanço do setor de petróleo e gás no Espírito Santo se deve ao trabalho das "junior oils", petroleiras independentes que atuam na exploração onshore. A maioria das empresas, como Seacrest e BGM, surgiu com a aquisição de campos maduros que estavam fora do centro das atenções da Petrobras. (Coluna Mundo Business, por Ricardo Frizera, Folha Business)
Estratégia. Com investimentos em recuperação e perfuração, essas companhias revitalizaram poços e expandiram a produção em terra no Espírito Santo. No início deste ano, as empresas Imetame Energia, Seacrest, BGM e Campo Petróleo estão em fase avançada de perfuração no estado.
Energia. A CS3 Revestimentos, especializada em rochas naturais e revestimentos sintéticos de Castelo, vai investir R$ 10 milhões em um dos maiores projetos de geração de energia solar do Espírito Santo. Com a iniciativa, a empresa espera produzir 290MWh por mês, quase metade da energia que consome. A expectativa é economizar até 45% nos gastos com energia elétrica. (Coluna Mundo Business, por Ricardo Frizera, Folha Business)
Preocupação. Responsável por 25% do PIB nacional, o agronegócio enfrentou um ano de desafios inesperados em 2023. Afetado por desequilíbrios climáticos e altos preços dos insumos, o setor viu crescer o número de pedidos de recuperação judicial. Dados da Serasa Experian mostram que foram registrados 80 pedidos no agronegócio até setembro do ano passado, aumento de 300% na comparação com o mesmo período do ano anterior. (Coluna Agro Business, por Stefany Sampaio, Folha Business)
Qualidade. Produtores brasileiros estão entre os vencedores do concurso internacional Cacao of Excellence Awards (Cacau de Excelência), realizado na Holanda. Cacauicultores do Pará e da Bahia representaram o país no mesmo prêmio que, em 2017, celebrou o cacau produzido em Linhares como um dos melhores do mundo. (Coluna Agro Business, por Stefany Sampaio, Folha Business)
BRASIL
Recorde. As importações alcançaram participação inédita no mercado da indústria em, pelo menos, 20 anos. Com isso, empresas estão recorrendo ao governo por medidas de defesa comercial. Desde o ano passado, 60 pedidos chegaram ao Departamento de Defesa Comercial (Decom), a porta de entrada desses processos na Secretaria de Comércio Exterior (Secex). (Estadão)
A maior parte das petições têm como objetivo a abertura de investigações sobre práticas desleais de comércio ou a prorrogação de medidas, que têm prazos de vigência determinados, contra concorrentes do exterior. (Estadão)
Somente em 2023, 42 petições foram protocoladas, interrompendo quatro anos seguidos de queda no fluxo. Em janeiro deste ano, outras 18 chegaram ao Decom, em um sinal de que uma nova onda de pedidos de defesa comercial pode estar se formando. (Estadão)
O maior incômodo é com os produtos chineses. Dos 24 processos encerrados no ano passado, nove tiveram a China como origem investigada. (Estadão)
Ainda sobre importados: esses produtos estão se aproximando de um quarto do consumo nacional de produtos fabricados pela indústria. As importações responderam por 23,4% do consumo nos últimos dois anos, segundo a Fiesp. Essa é uma participação recorde na série estatística da Federação iniciada em 2004. (Estadão)
Já nas contas da CNI, o coeficiente das importações, isto é, a parcela dos importados no consumo, chegou a 25,9%. Em 2019 estava em 23,4%. (Estadão)
A Abit, por sua vez, aponta que os produtos das plataformas de e-commerce da China já correspondem a 20% das compras de vestuário. (Estadão)
Divisas. Os brasileiros enviaram mais dinheiro ao exterior em 2023, superando o patamar do período pré-pandemia, segundo o Banco Central. O volume subiu no ano passado e chegou a US$ 2,1 bilhões (cerca de R$ 10,4 bilhões), o maior da série histórica. (Estadão)
Destinos. Os Estados Unidos continuam sendo o principal destino do capital do brasileiro, tendo recebido US$ 487 milhões (R$ 2,4 bilhões) no ano passado. Portugal e Reino Unido integram o ranking dos principais países para os quais os brasileiros mais enviaram dinheiro em 2023. (Estadão)
Entre os motivos para as transferências, especialistas apontam a proteção do capital contra incertezas no cenário político-econômico brasileiro, gastos com turismo e educação, investimentos, mudança de país e transferências de valores para parentes que moram no exterior. (Estadão)
Combustível. O preço médio da gasolina nos postos de abastecimento do país subiu 3,4%, para R$ 5,75 por litro na última semana, segundo a ANP. Anteriormente, a gasolina estava sendo comercializada a R$ 5,56. A alta está ligada ao repasse do aumento da alíquota do ICMS no início de fevereiro. (Folha)
Diesel e botijão de gás também foram pressionados pela elevação da carga tributária e ficaram mais caros. (Folha)
Parceria. A Petrobras está construindo uma parceria com o fundo árabe Mubadala Investment Company para que a estatal brasileira retome a operação da RLAM (Refinaria Landulpho Alves), de Mataripe, na Bahia. (Folha)
A refinaria foi privatizada e vendida aos árabes na gestão de Jair Bolsonaro, em novembro de 2021, dentro da política de desinvestimentos da Petrobras. A equipe de Luiz Inácio Lula da Silva tem tentado reverter a ação. (Folha)
A expectativa é a de que a Petrobras deve finalizar o retorno da refinaria até o fim deste semestre, segundo o presidente da estatal, Jean Paul Prates. (Folha)
POLÍTICA
Captação. O governo federal tenta convencer os fundos soberanos, administrados pelos governos de diferentes países, a financiar projetos do novo PAC e de transição energética. Essa seria uma alternativa à falta de dinheiro em caixa e para a manutenção da promessa de déficit zero nas contas públicas em 2024. (Globo)
Para conseguir parte dos cerca de US$ 11,2 trilhões (R$ 55,5 trilhões) que estão nas mãos dessas instituições estrangeiras, o governo prepara missões de técnicos brasileiros para atuarem no exterior. (Globo)
A busca por recursos começará em março pela Espanha. Em maio, uma missão irá aos Estados Unidos e, em junho, à França. No segundo semestre, estão previstas viagens para Arábia Saudita, Cingapura e China. Também são esperados encontros com investidores privados neste road show. (Globo)
Revisão. O Ministério do Trabalho discute a inclusão de supermercados na lista de atividades que podem funcionar de forma permanente aos feriados sem necessidade de acordo com os sindicatos da categoria de trabalhadores. (Globo)
A inclusão desse setor é um desejo da Abras. A Associação busca que o Ministério coloque esses estabelecimentos na lista de exceções que será divulgada por uma portaria do ministério. A norma deve ser publicada no dia 20 deste mês. (Globo)
Luiz Marinho, o ministro do Trabalho, concordou em adicionar os supermercados na norma, desde que haja um acordo com a CNC e com os trabalhadores. (Globo)
Tenha um ótimo dia!
Rafael Porto, editor