Orlando Caliman analisa nova política industrial do PT: "não pode proteger a ineficiência"
26 de janeiro, sexta-feira
Análise. O “Nova Indústria Brasil” dividiu opiniões no mercado, que teme os impactos do pacote no equilíbrio fiscal — repetindo a receita dos mandatos anteriores do PT. A coluna Mundo Business de hoje convidou o economista Orlando Caliman para analisar o plano, apontando os riscos e oportunidades da nova política industrial. (Coluna Mundo Business, Folha Business)
Caliman: "Não fosse uma certa semelhança com experiências de um passado bem recente, especialmente vividas nas gestões de Lula nos seus dois períodos, mas com maior ênfase na gestão de Dilma, com o desenvolvimentismo, até poderíamos imputar à iniciativa um certo ineditismo."
Desconfiança. "Ao que nos parece, o mercado, pelo menos num primeiro momento, vem reagindo seguindo o ditado popular de que 'gato escaldado tem medo de água fria'. Não há como não nos lembrarmos da derrocada sofrida pela economia entre os anos de 2014 e 2017, cujas consequências ainda nos travam e nos cerceiam em avançar mais celeremente."
Receio. "O mercado expõe o receio em relação aos potenciais impactos que essa nova política industrial possa causar nas já combalidas contas públicas, e por consequência nos juros e outras frentes mais. Também traz preocupações o conteúdo protecionista que carrega o 'pacote', que se não bem orientado tende, como no passado, a proteger a ineficiência."
FOLHA BUSINESS
Agro. Após enfrentar uma escalada nos custos e o risco da influenza aviária, a avicultura capixaba está em recuperação. É o que aponta a Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves). Em 2022, a produção capixaba atingiu a marca de 4,35 bilhões de ovos, desempenho que evoluiu para 4,55 bilhões em 2023, aumento de 4,6% — cerca de 200 milhões de ovos a mais. (Coluna Agro Business, por Stefany Sampaio, Folha Business)
Calçados. A gaúcha NKS Vulcanizados, que trabalha com marcas como Arezzo e Olympikus, vai instalar uma fábrica e um centro de distribuição em Sooretama. O objetivo é migrar para o Espírito Santo, trazendo toda a produção de calçados e a operação logística para o norte capixaba. O novo empreendimento terá 10 mil metros quadrados de área construída. O valor do investimento não foi divulgado. (Tribuna)
Crescimento. A receita com veículos importados cresceu 183% no Espírito Santo no ano passado, somando US$ 1,9 bilhão. O resultado é fruto do aumento do valor médio dos veículos trazidos por meio dos portos capixabas, que saltou de US$ 11,7 mil para US$ 22,9 mil — variação explicada pela chegada dos veículos elétricos. Em números absolutos, a quantidade de carros importados cresceu 46%, chegando à marca de 83 mil unidades. (Gazeta)
Polo. A área de mil hectares conhecida como Fazenda Itanhenga, em Cariacica, deve virar um grande polo empresarial. O local foi doado no mês de dezembro pelo governo do Estado e, segundo a prefeitura, deve ser utilizado para atração de novas empresas para o município. (Folha Vitória)
BRASIL
Recuperação. A Gol vai entrar voluntariamente com um pedido de recuperação judicial no Tribunal de Falências dos Estados Unidos, para dar início a sua reestruturação financeira. Em setembro do ano passado, a dívida bruta da companhia era de R$ 20,227 bilhões. (Estadão)
Nos EUA, o processo legal tem início com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões, na modalidade de financiamento “debtor in possession” (DIP), que permite à empresa arcar com as despesas operacionais durante a proteção judicial. (Estadão)
A escolha pelos EUA se dá devido às diferenças para a lei de falência brasileira. Por aqui, em casos de recuperação de uma companhia aérea, os contratos de arrendamento de aviões ficam de fora do processo. Essa é justamente a principal fonte de pressão financeira de curto prazo da companhia. (Estadão)
Com a situação, as ações da empresa têm operado em queda na Bolsa de Valores. Hoje a B3 suspendeu as negociações dos papéis da companhia. (Globo)
Em tempo: o Ministério dos Portos e Aeroportos afirmou que acompanha a recuperação judicial da Gol e disse esperar que o processo “fortaleça a empresa, aumentando cada vez mais sua capacidade de investimentos para melhor atender a população”. (Globo)
Condenado. A Samarco, Vale e BHP foram condenadas pela Justiça Federal a pagar uma indenização de R$ 47,6 bilhões pelo rompimento de uma barragem em Mariana, Minas Gerais. A decisão é da 4ª Vara Federal Cível e Agrária da SSJ de Belo Horizonte. (Valor)
Falando em Vale, um acordo que está sendo construído entre acionistas da empresa e o governo federal pode acomodar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, na mineradora. (InfoMoney)
Com todo o cenário, as ações da Vale despencaram na Bolsa de Valores, fechando o dia em queda de 2,2%, a R$ 68,36. (Globo)
E-commerce. O número de sites de e-commerce existentes no Brasil aumentou 17% no último ano, segundo o levantamento "Perfil do E-commerce Brasileiro", realizado anualmente pela BigDataCorp. (Globo)
Ao todo, são 2,2 milhões de sites de comércio eletrônico no país. O movimento é liderado pelo microempreendedor individual e fomentado pelas demissões em massa nas startups. (Globo)
Lucro. O lucro dos quatro maiores bancos listados do país deve apresentar um crescimento anual de 30,1% nos números consolidados do quarto trimestre de 2023. Com isso, o montante deverá chegar a R$ 26 bilhões. (Estadão)
O resultado expressivo reflete a comparação com a temporada mais afetada pela crise da Americanas, mas também a gradual melhoria da qualidade do crédito. Os balanços dos grandes bancos começam a sair em 31 de janeiro. (Estadão)
Bolsa. O Ibovespa fechou a sessão em alta de 0,28%, aos 128.168 pontos. O índice foi impulsionado principalmente pelos ganhos das ações da Petrobras (3,69%) e de companhias ligadas ao mercado interno. (InfoMoney)
O dólar, por sua vez, registrou nova queda de 0,19%, cotado a R$ 4,922. (InfoMoney)
POLÍTICA
Taxação. Relatório apresentado por técnicos do Ministério da Fazenda recomendou a manutenção da alíquota zero nas importações de até US$ 50. O grupo acompanha o programa Remessa Conforme, da Receita Federal. (Globo)
A justificativa apresentada no documento é a necessidade de uma melhor avaliação dos “efeitos da estratégia adotada”. (Globo)
Em agosto de 2023, entrou em vigor o programa do Ministério da Fazenda, que funciona por adesão. Com ele, o Imposto de Importação para compras de até US$ 50 foi zerado. Anteriormente, existia uma taxa de 60%. (Globo)
O governo, no entanto, vem avaliando a necessidade de voltar a cobrar esse imposto federal. Relatório do Fisco aponta que, no bimestre entre outubro e novembro, de 30,2 milhões de encomendas, 23,6 milhões foram registradas dentro do programa, o que corresponde a 83,78% do total de remessas que chegaram em solo brasileiro. (Globo)
Limite. O Conselho Monetário Nacional aprovou um limite de R$ 31,1 bilhões para contratações de crédito por órgãos e entidades do setor público em 2024. Desse montante, R$ 18,7 bilhões são para operações garantidas pela União e R$ 12,3 bilhões sem garantia. (Folha)
A decisão inclui limites individuais para governos regionais, operações no âmbito do PAC, contratações de Parcerias Público Privadas (PPPs) e empresas da área de energia nuclear. (Folha)
Para Estados e municípios, os limites serão de R$ 10 bilhões com garantia e R$ 7 bilhões sem garantia. Nas operações do PAC, o teto ficou em R$ 5 bilhões para financiamentos com garantia e R$ 2 bilhões sem garantia. (Folha)
Para PPPs, o limite será de R$ 2 bilhões, com garantia do Tesouro. Órgãos e entidades da União também com teto de R$ 625 milhões, sem garantia. (Folha)
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Rafael Porto, editor